“Roubará o homem a Deus? Todavia
vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.
Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação.
Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.”
Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação.
Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.”
Malaquias 3: 8-10
Nosso espiritualismo de terreiro
segue a premissa Cristã do daí de
graça, aquilo que de graça recebeu, pelo menos, em determinados terreiros.
Forte argumento que demonstra que o único interesse de Cristo era, sem dúvida
alguma, a salvação. Porém, devemos entender que a casa espiritualista que frequentamos
e trabalhamos têm suas obrigações: são impostos, contas de consumo, suprimentos
para os trabalhos, entre muitas outras despesas, o que todos devem concordar
não ser justo ficarem unicamente sobre os ombros de uma única pessoa.
Afinal, todos e, não somente aqueles que ali vão buscar um lenitivo para suas
dores físicas e emocionais, são beneficiados.
O Dízimo não é uma
coisa nova, apesar de atualmente estar associada à religião, muitos reis na antiguidade
exigiam o dízimo de seus povos, tudo na forma de impostos, alias, exatamente
como nossos dias.
Etimologicamente dízimo (latim decimus),
significa a décima parte de algo 1.
Hoje, os dízimos cobrados por algumas
denominações e seitas religiosas, deveriam ser considerados doações voluntárias,
porém a “igreja” prega o medo, tomando posse estelionatariamente do texto de
Malaquias, que é na verdade um texto circunstancial. Ja que, na época de
Cristo, o movimento Levítico, tirava seu
sustento exclusivamente dessas doações, ou dizímos, que eram pagos em dinheiro, porém muito pouco, já
que, não haviam somas em circulação, mas principalmente na forma de bens agrícolas
(Lv 27: 30-34)2. Ou seja, os produtores daquela época, doavam, ai
sim, de forma praticamente obrigatória, dez por cento de sua produção, isso para manutenção dos templos em Israel,
eram dessas doações que a classe sarcedotal comeria, o que sobrava, era então,
distribuido aos pobres.
O insuspeito Daniel Soros, o
grande especulador das bolsas mundiais, confessa em seu livro A crise do capitalismo
(1999): “uma sociedade baseada em
transações solapa os valores sociais; estes expressam um interesse pelos
outros; pressupõem que o indivíduo pertence a uma comunidade, seja uma família,
uma tribo, uma nação ou a humanidade, cujos interesses têm preferência em
relação aos interesses individuais. Mas uma economia de mercado é tudo menos
uma comunidade. Todos devem cuidar dos seus próprios interesses... e maximizar
seus lucros, com exclusão de qualquer outra consideração” (p. 120 e 87). É
assim que as religiões encaram as doações dos fiéis: interesses e lucros.
No blog Concorde ou Não encontramos
esclarecedor texto3 sobre o assunto, de onde retiro pequeno trecho que
utilizarei como base de análise para outras reflexões: “Para
o sociólogo Émile Durkheim em “Lições de Sociologia”, o dízimo teria
origem no pensamento mítico,
primeiramente como sacrifícios e ofertas aos deuses e divindades para obter “permissão”
divina para o bom cultivo de bens mundanos, seja na pesca, coleta, agricultura,
etc. Transmutou-se em dízimo em certas religiões, e por fim, transmutou-se em
impostos, que seria a versão secular do dízimo”.
É
neste ponto que gostaria de chegar: o dízimo como é pregado hoje, nos
transporta para uma ideia de “permuta” com DEUS, ou seja, eu Lhe
dou tanto, em troca recebo tal e, tal coisa. E se não der? Neste caso, O
SUPREMO DEUS me
tomará, como punição, meus bens, minha saúde, minha Paz. Não
consigo enxergar esse lado mesquinho do PAI, retirando de mim, aquilo
que na verdade não possuo, mas administro.
Deixemos de lado as hipocrisias reinantes no mundo, e sejamos um pouco
mais realistas. Hoje, estou em uma posição mais confortável, amanhã, essa
posição poderá estar nas mãos de outra pessoa. Na verdade, não somos donos
de nada que podemos tocar, apenas administramos por um período, já que, todas as
coisas são de propriedade exclusiva de DEUS, que as trocam de mãos
quando desejar.
Não estou aqui fazendo nenhuma apologia à pobreza, nem levantando a
bandeira de um cristianismo miserável. Devemos lutar, é lógico, pelo nosso
conforto e bem-estar de nossos familiares. Porém, mantendo os pés bem fincados
no chão, sabendo que tudo que chega a nossas mãos, é pela misericórdia Divina
e, obviamente para uso fruto nosso, como disse, mas também revertido ao
verdadeiro dono, como nos ensina JESUS em Mateus 25: 31-46.
Analisando a questão mais profundamente, surge então uma dúvida: Nós
umbandistas, e demais religiosos devemos dar o dízimo? Não. Não da
forma pregada pelos velhacos da fé sem raciocínio. Devemos, é claro, ajudar
a manter nossas instituições, nossas casas espíritas, espiritualistas, templos,
terreiros, etc. E sem nenhuma dúvida, devemos participar das
campanhas sérias voltadas para o bem comum, e com o objetivo de amenizar o
sofrimento de nossos irmãos necessitados. É isso que o PAI espera de nós:
que sejamos solidários, irmãos, nos preocuparmos com aqueles que choram no
caminho, praticando a caridade, o amor incondicional.
Devemos tentar caminhar pela estrada deixada pelo Mestre de Nazaré,
buscando compreender que vivemos em um mundo tão cheio de sofrimentos,
desencontros, choro e dor. Aceitando as tribulações que chegarem as nossas
portas, nos levantando a cada queda, e sempre seguindo pelas trilhas iluminadas
desenhadas nas pegadas de Jesus, sendo útil, sem ficar a
deriva esperando que uma onda venha e nos empurre até a praia. Ajudar... Essa
será a palavra de ordem para a nova condição planetária, onde a vida nos sorrirá,
na mesma medida que para ela sorrirmos. Assim como disse o poeta:
No mundo só se vive uma vez
E só se colhe o fruto do que se plantar
As mãos que você hoje ajudar a levantar
Vão aprender a amar
E um dia levantar alguém
Que pode até mesmo ser você.5
E só se colhe o fruto do que se plantar
As mãos que você hoje ajudar a levantar
Vão aprender a amar
E um dia levantar alguém
Que pode até mesmo ser você.5
Um Operário.
Bibliografia
1.
http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%ADzimo2. http://www.bibliaonline.com.br/acf/lv/27
3. http://concordeounao.blogspot.com.br/2010/08/o-dizimo.html
4. http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/1806-5023.2012v9n1p96
5. http://www.sergiolopes.com.br/site/
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