“a vida é muito curta para ser pequena”
Benjamin Disraeli
Benjamin Disraeli
Cuidado, a vida é muito curta para ser pequena. Era assim que pensava o primeiro-ministro britânico. É imprescindível fazê-la maior, intensifica-la. Mario Sérgio Cortella, professos e filosofo brasileiro, afirma que é necessário tomarmos cuidado com duas coisas: a primeira, diz o professor, “tem muita gente que cuida demais do urgente e deixa de lado o importante”. Muitos cuidam demasiadamente da carreira, de ter muito dinheiro, bens, mas deixam o importante de lado. Que é obviamente o lado ético dessa escalada, as formas utilizadas para alcançar esses objetivos, o trato com os demais.
Hoje fala-se muito em excelência. Mas como ser excelente, se não conseguimos nem passar do bom, talvez um razoável, aquele que está um pouco acima do medíocre. Leonardo Boff, escritor e professor brasileiro, escreveu um belíssimo livro intitulado: “A Águia e a Galinha”. Diz Boff, que todos, isso sem exceção, somos capazes de voos altaneiros, porém, ainda há, aqueles que insistem a esgaravatar a terra em busca de vermes para se alimentar. Ou seja, muitos de nós somente conseguimos enxerga o mundo através de pequenas portinholas mentais construídas pelos velhacos da fé sem raciocínio. Numa completa inanição existencial, nos apegamos ao fácil, conduzindo nossos atos, nossos pensamentos por aquilo que o padre ou o pastor disse, ou pelos ensinamentos do sacerdote umbandista, ou do palestrante espírita. Somos seres únicos da criação, por esse motivo, temos a completa condição de mudarmos a nossa vida sem a necessidade de bengalas espirituais.
Claro que não somos fortes sempre, todos temos nossos momentos de fraqueza. Até o Mestre de Nazaré, em Mateus 26: 39, implora ao PAI que afaste o “cálice” dEle, isso referindo-se da crucificação que era ali inevitável. Mas essa fraqueza não pode ser uma constante em nossas vidas, pois, se assim o for, já se caracteriza doença. Como citamos a Bíblia, podemos lembrar-nos de Mateus 7: 7 que diz: “Pedi, e dar-se-vos-á”, que é um corolário do “buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á”. É necessário um passo adiante. Leonardo Boff, completa: “É difícil ter atitudes de águia em uma sociedade em que a maioria insiste ser galinha”.
Paulo Freire, educador e filósofo brasileiro, tem uma belíssima frase que se encaixa bem naquilo que estamos pensando, “tem de ser esperança do verbo esperançar”. Muitos de nós temos a esperança do verbo esperar (galinha): esperar que ela ou ele mude; esperar que ganhe na loteria; esperar que as coisas se resolvam por si; esperar que dê certo. Isso não é esperança, coisa nenhuma. Esperançar (águia) é buscar, é bater, ir atrás, é dar um passo adiante e não desistir. Esperançar é achar a solução como uma águia, não aguardar que uma migalha caia da mesa dos que lutam como fazem as galinhas, e acima de tudo, compreender em todos os sentidos, que a nossa vida é muito curta para ser pequena.
A segunda coisa que devemos cuidar, segundo o professor Cortella é, “tem gente que se preocupa muito com o fundamental e deixa o essencial de lado. O essencial é tudo aquilo que não podemos deixar de ser: amigos, fraternais, solidários, religiosos, leais, íntegros, livres, felizes”. Vivemos a época do hedonismo, as pessoas somente se preocupam em ter mais, esquecendo-se do essencial. Onde o prazer dita as regras, orienta as vida, esgota as existências.
René Descartes com muito discernimento disse: “Penso, logo existo”. Pensar tornou-se algo raro na sociedade contemporânea. Com o avanço da tecnologia, temos tudo de forma eletrônica, “facilitando” e “diminuindo” nossas necessidades. A inteligência virtual praticamente se constrói, estamos quase trazendo para nossa realidade, os filmes de ficção onde as máquinas dão vida a novas unidades, ameaçando e escravizando a raça humana. Nossa realidade hoje esta mais de acordo com aquela identificada por Arthur Schopenhauer: “quero, logo existo”.
O “ser” cedeu lugar ao “ter”. Hoje ter bens e dinheiro é muito relevante. O individuo pode ser um completo idiota, mas mantendo grandes recursos está em destaque, mesmo que não tenha feito nada para tê-lo, ou capacidade para mantê-lo. Esses estão sempre rodeados de parasitas, que se disfarçam pela alcunha de “amigos”, que como traças roem seus bens, grudando-se a eles como uma praga. Esses “galinhas” possuem uma visão imediatista, materialista, e completamente contraria ao novo conceito que deverá vigorar, com a implantação do planeta de regeneração que aos poucos se estabelece.
Surge então um novo pensamento. Amit Goswami, com a física quântica, nos elucida: “escolho, logo existo”. Com isso retomamos o antigo paradigma, que na verdade sempre foi o único; ficou um tanto apagado em nossa memória, é certo, mas sempre comandou nossa vida: as nossas escolhas descrevem nosso futuro, ou seja, “somos o que de nós fizemos, seremos o que de nós fizermos”, isso nas palavras de Joana de Angelis.
Portanto, ao entrarmos nesta nova era de regeneração, a espiritualidade, acredito eu, deverá resgatar esse conceito do contato humano, onde é lucido errar e, recomeçar, e novamente errar, mantendo assim um ciclo de construção de conhecimentos. Trazendo o “pensar” de Descarte, para unir-se ao “escolho” de Goswami, ensinando o Espírito reencarnante a pensar em suas escolhas, saber desejar, lutar pelo que deseja, e se fazer merecedor – Livro Nosso Lar de André Luiz, tal qual a Lei. Mantendo assim uma vida produtiva, afinal, a vida é muito curta para ser pequena.
Um Operário.
Comentários
Postar um comentário