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Umbanda Meu Caminho

A Umbanda nasceu pela humildade de um menino, Porém, carrega hoje em sua bagagem um alto grau de complexidade.  Deixa a alcunha de “religião dos excluídos”, e passa a abrigar em suas fileiras, além daqueles que em outrora eram considerados desprezíveis, por estar à margem da sociedade, os mais abastados e, de alto nível intelectual. Uma religião do povo e, para o povo.

Toda cultura em expansão, além de angariar maior número de adeptos com novas ideias; consegue irreversivelmente atingir maturidade e apontar para valores universais, encontrando assim sua expressão artística, literária e espiritual. É o que o meu sagrado espiritualismo de terreiro representa. Religião, nascida em Niterói, na cidade do Rio de Janeiro, em novembro de 1908, intimamente ligada à terra brasileira, feita de várias misturas: europeus; africanos e de indígenas. Num contexto de completo desamparo social, onde o Rio afundado em notória insalubridade no inicio do século XX, ela, essa guerreira filosofia, consegue desgarrar-se dos preconceitos de um espiritismo iniciante, irrompendo uma fortíssima experiência espiritual. Esse então, menino humilde, nosso representante direto, e responsável encarnado pela Umbanda, Zélio de Moraes, atesta em comunicação com a entidade sob a figura indígena, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, iniciando assim essa nova, e riquíssima Expressão de DEUS, para o Brasil e para o Mundo.

Numa relação própria entre povos, que se misturam com o objetivo sagrado do Bem Maior, formando assim, aquilo que Ramatis carinhosamente identificou como “uma colcha de retalhos”; a Umbanda revela aos humildes de coração e, ou aqueles destituídos de todo apoio material e espiritual, uma verdade carregada de ensinamentos, caminhos e responsabilidades, como um farol a guiar-nos em noite escura. Ela, pela dedicação e exemplo dos guias que ali manifestam-se trajando roupagens dos povos da “Deusa Gaia”, reforça a percepção da profunda igualdade entre todos, são Espíritos desencarnados, homens e mulheres, que se propõem a potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigando as injustiças, e as dores do caminho; consolando os aflitos filhos do PAI, nossos irmãos; reintegrando ainda, em nós, a Natureza sob a égide do Evangelho e da Sagrada imagem redentora do Divino Mestre Jesus, nosso Pai Oxalá.

O nome Umbanda é carregado de significação. Os radicais que compõem o mote UMBANDA são respectivamente: AUM - BAN - DAN. Sua tradução pode ser comprovada através do alfabeto Adâmico ou Vattânico revelado ao Ocidente pelo Marquês Alexandre Saint-Yves d'Alveydre, na sua obra “O ARQUEÔMETRO” (1910).

Elucida Alexandre:
1. AUM significa “A DIVINDADE SUPREMA”;
2. BAN significa “CONJUNTO OU SISTEMA”;
3. DAN significa “REGRA OU LEI”.
A união destes princípios radicais, ou AUMBANDAN, significa “O CONJUNTO DAS LEIS DIVINAS”.

Ela sincretiza elementos das várias correntes, unindo tradições religiosas do nosso país, criando assim um sistema coerente. Privilegia o Candomblé, mas aquele praticado na Bahia, onde há a junção dos orixás; não como o que ocorre na África, onde cada região consagra sua Divindade. Mas com uma diferença: não vemos os guias como Seres Sagrados, ou Divindades há serem adoradas, consideramos, portanto, essas entidades como Espíritos trabalhadores, em busca de evolução, e que se acercam dos necessitados, para ajudá-los em suas adversidades. As entidades, a vovó Maria de Guiné, Zé Baiano, Severino, Tranca, Caboclo Flecha Dourada, Pedrinho; todos os outros e, suas falanges, representam facetas arquetípicas desses Espíritos. Eles nunca multiplicarão um DEUS, como muitos costumam enxergá-los, num falso panteísmo, mas de forma sublime, concretizam sob os mais diversos nomes a imagem Sagrada de DEUS, pelo amor que conseguem espargir na Alma e nos corações sofredores, daqueles que os procuram. Essa imagem do Ser Celestial se sacramenta não somente do amor, que é ferramenta principal, mas também, nos elementos da natureza: como as montanhas (Okê); as matas (Oxossi); os mares (Yemanjá); o fogo (Exú); os rios, fontes e cachoeira (Oxum); as tempestades (Yansã). Ao confrontar-se com essa belíssima realidade, os fieis entram em profunda comunhão com DEUS.

Podemos então afirmar, que a Umbanda é a mais ecológica das religiões. Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Unindo o elemento fogo, dos “tocos” cruzados, fortalecidos pelos banhos de ervas e chás. Restituindo assim, o medicamento espiritual a sua origem, aquela criada Pelo PAI. Renunciando ao sacrifício dos nossos irmãos, os “animais”, para restringir-se apenas e, tão somente, as ervas, flores e à Luz, realidades mais sutis e puramente espirituais.

Em resumo. Deixemos nosso orgulho de lado, desmontemos preconceitos que cercam nossa Sagrada Umbanda, baseados em estórias infundadas, de suas origens. Que possamos produzir em nosso íntimo, o hábito da pesquisa, montando assim, uma visão própria das coisas, sem ficar repetindo aquilo que ouvimos sem nenhum escrúpulo, sem nos importarmos com a verdade. Lembremos das palavras do Cristo em Mateus 7: 18Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons”. Os frutos produzidos nos terreiros são: a caridade, o perdão, a indulgência, o amor ao próximo e a natureza. Frutos carregados de significados espirituais, em uma religião cujo os meios de expressão são puros e singelos, revelando quão profunda e rica é a cultura desses excluídos, humilhados e ofendidos, por aqueles que se dizem cristãos, de um cristianismo que em seus primórdios também era formado por escravos e marginalizados. Nos terreiros os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores.

Salve o povo de Umbanda! Sarava!


Um Operário.

Bibliografia:http://umbandacaminhodafeumbandasemmisteri.blogspot.com.br/2008/10/significado-da-palavra-umbanda.html;
http://pt.wikipedia.org/wiki/Umbanda;
d'Alveydre, Alexandre Saint-Yves; O Arqueômetro – A chave de todas as religiões e todas as ciências da antiguidade: Madras, 1980.

Complemento1. Alexandre Saint-Yves d'Alveydre:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Saint-Yves_d'Alveydre
Alexandre, nasceu em Paris no dia 26 de março de 1842, desencarnou em Pau, na frança, em 5 de fevereiro de 1909. Foi um ocultista e esoterista, autor de obras como “O Arqueômetro”, e “A teogonia dos Patriarcas” e uma coleção de textos intitulados “As missões” em que cobre grandes períodos históricos.
Em 1877, conheceu Marie de Riznitch, a Condessa Keller, sobrinha da Condessa polonesa Rzewuska, amiga de Eliphas Lévi (Alphonse Louis Constant), que havia casado em segundas núpcias com Honoré de Balzac. O casamento de com a Condessa de Keller proporcionou a Saint-Yves a possibilidade de se dedidcar exclusivamente ao Esoterismo.
Em 1880, ela conseguiu junto ao Papa, para seu marido, o título de Marquês de Saint-Yves d'Alveydre.

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