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Demanda Nossa de Cada Dia

                                 O mundo por nós vividos é essencialmente, o mundo      sonhado e imaginado em nossas mentes

Dr. Nubor Facure

O geneticista Motoo Kimura, da Universidade de Tsukuba no Japão, tornou-se conhecido ao propor a teoria neutralista da evolução, desenvolvida em resposta à teoria de Darwin. Segundo ele, a probabilidade de qualquer criatura renascer é equivalente à probabilidade de uma pessoa ganhar U$ 100 milhões um milhão de vezes na loteria. Recebemos, portanto, um prêmio de DEUS que se configura em uma probabilidade inimaginada ao reencarnar. Mesmo assim, jogamos boa parte ou, por completo, essa chance no lixo.

A vida na condição de instrutora individual nos cobra a todo o momento, essa é a única verdade. Caminhamos pelas estradas que criamos através das nossas boas ou más escolhas, somos, então, obras de nós mesmos; ninguém, absolutamente ninguém, é responsável pelos nossos infortúnios. Mesmo assim, alguns ainda, preferimos transferir para outros ou, para uma situação, nossos momentos de desconforto, como uma forma de justificar, como se fosse possível esconder-se. É bem mais simples encontrar culpados, ou muletas emocionais, do que, deixar as zonas de tranquiliade. Culpar é bem mais fácil que mudar.

Afastamos-nos da verdade para satisfazer nossas vaidades, acusamos sem piedade: por ciúme, inveja ou ignorância. Na maioria das vezes, nem mesmo sabemos o motivo. Para se construir uma amizade sólida, confiar, leva-se anos, mas, para destruí-la é bem mais simples, bastam poucas palavras, alguns minutos, ou crer em inverdades.

No O Livro dos Médiuns item 252, temos uma parábola interessante. Allan Kardec, por intermédio da mediunidade conta-nos que: “Desde alguns anos que várias irmãs vinham sendo vítimas de atos estranhos de depredação. Suas roupas eram continuamente espalhadas por todos os cantos da casa e até mesmo pelo telhado. Eram rasgadas, cortadas e crivadas de furos, por mais cuidados que tivessem em guardá-las sob chaves. Essas senhoras, isoladas numa pequena cidade provinciana, jamais tinham ouvido falar de Espiritismo. A primeira idéia que tiveram foi, naturalmente, a de estarem sendo vítimas de brincadeiras de mau gosto. Mas a persistência dos fatos e as precauções que tomavam afastaram essa idéia.

A causa estava bem clara, mas o remédio era mais difícil. O Espírito que assim se manifestava era evidentemente malfazejo. Mostrou-se, na evocação, de grande perversidade e inacessível aos bons sentimentos. A prece, porém, parecia exercer sobre ele uma boa influência. Mas após algum tempo de descanso, as depredações recomeçaram. Eis a respeito o conselho dado por um Espírito superior:

- O que essas senhoras têm de melhor a fazer é rogar aos seus Espíritos protetores que não as abandonem. E eu não tenho melhor conselho a lhes dar do que o de mergulharem na própria consciência para se confessarem consigo mesmas, examinando se praticaram sempre o amor ao próximo e a caridade. Não me refiro à caridade que dá e distribui, mas à caridade da língua. Porque infelizmente elas não sabem contê-la, e por outro lado não justificam, por seus atos piedosos, o desejo de se livrarem de quem as atormenta. Gostam bastante de falar mal do próximo e o Espírito que as obseda tira a sua desforra, porque em vida foi para elas um bode expiratório. Basta-lhes sondar a memória para logo descobrirem com quem estão lidando.

Entretanto, se chegarem à melhor, seus anjos da guarda voltarão para elas e sua presença será suficiente para afastar o Espírito mau, que se apegou sobretudo a uma delas porque o seu anjo da guarda teve de afastar-se, diante dos seus atos repreensíveis ou dos seus maus pensamentos. O que elas precisam é de fazer preces fervorosas pelos que sofrem, e acima de tudo praticar as virtudes que DEUS recomenda a cada um, segundo a sua condição.

À observação de que essas palavras nos pareciam um pouco severas, e que talvez se devesse abrandá-las para a transmitir o Espírito acrescentou:            - Eu tenho a dizer isso que disse e como disse, porque as pessoas em causa acostumou-se a pensar que não fazem nenhum mal pela língua, quando na verdade o fazem e muito. Eis porque é necessário chocar-lhes o espírito de maneira que isso lhes sirva de séria advertência.

Disso resulta um ensinamento de grande alcance, o de que as imperfeições morais dão acesso aos Espíritos obsessores, e de que o meio mais seguro de livrar-se deles é atrair os bons pela prática do bem. Os Espíritos bons são naturalmente mais poderosos que os maus e basta a sua vontade para os afastar, mas assistem apenas aqueles que os ajudam, por meio dos esforços que fazem para melhorarem. Do contrário se afastam e deixam o campo livre para os maus Espíritos, que se transformam assim em instrumentos de punição, pois os bons os deixam agir com esse fim.

Através da parábola “A caridade da língua”, fica explicito que, falar mal da vida alheia baixa consideravelmente nossos padrões vibratórios, abrindo assim verdadeiras porteiras para a entrada de Espíritos zombeteiros. Os médiuns, por exemplo, dotados de maior sensibilidade, prejudicam-se ainda mais, já que, com os campos psíquicos mais “abertos”, ficam ainda mais expostos as más influências. Portanto, cuidar da língua, contendo-a nos limites da sobriedade, é o melhor remédio.

Alguns psicólogos ainda afirmam que bisbilhotice, é uma forma de doença emocional, já que, os fofoqueiros necessitam de uma auto-afirmação às avessas, bem própria da nossa inferioridade, que ao invés de nos afirmarmos pelos nossos valores, pretendemos fazê-lo por suposta ausência apontada no próximo. Isso até consegue satisfazer a mazela arraigada do homem perecível, mas quando falamos do homem imortal, na condição de Espírito, o comprometimento é muito superior, já que o infeliz abrirá a guarda, ante o assédio dos nossos irmãos ignorantes.

Oportuno lembrar ainda, das palavras do Nazareno em Mateus 7: 1-5, as quais devemos nos apegar e refletir sobre nossas fraquezas, combatendo-as, em vez de estar apreciando a vida alheia sob a ótica da hipocrisia, conforme contundente afirmação do Mestre: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido, hão de vos medir. Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão, mas não percebes a trave que está no teu? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás claramente para tirar o cisco do olho do teu irmão”.

Para finalizar, insisto que, nem todos os desafio de nossas vidas possuem o fator “demanda” como muitos insistem em afirmar. É bom analisar nossos atos, conduta e, principalmente manter-nos em vigilância constante, praticando a caridade ensinada pelos Espíritos superiores a Kardec: A caridade da língua.
Um Operário.

Bibliografia
Miranda, Manoel Philomeno; Nos Bastidores da Obsessão: FEB, 1970.
Miranda, Manoel Philomeno; Nas Fronteiras da Loucura: Leal, 1982.
Miranda, Manoel Philomeno; Loucura e Obsessão: FEB, 1988.
Murakami, Kazuo, Ph.D; Código Divino da Vida – Ative Seus Genes e Descubra Quem você quer Ser: Prolíbera Editora, 1997.
Kardec, Allan; O Livro dos Médiuns: Federação Espírita Brasileira - FEB, 1998.

Complemento
1. Nubor Orlando Facure
É diretor do Instituto do Cérebro de Campinas, e ex-professor titular de neurocirurgia da Unicamp. Pesquisador, escritor e expositor espírita, desenvolve estudos pioneiros aliando a medicina aos conhecimentos espíritas. Em 1990, instituiu o primeiro curso de pós-graduação – Cérebro/Mente, com enfoque espiritualista, no Departamento de Neurologia da Unicamp.
2. Motoo Kimura
Nasceu em Okazaki no dia 13 de novembro de 1924, e desencarnou na mesma localidade em 13 de novembro de 1994. Foi um geneticista japonês, em 1968 propôs sua teoria neutralista da evolução: No nível molecular, a maioria de mutações são neutras, isto é, não têm influência nenhuma na adaptação e seleção natural.
3. Hippolyte Léon Denizard Rivail
Nasceu em Lyon, 3 de outubro de 1804 e, desencarnou em Paris, 31 de março de 1869. Foi educador, escritor e tradutor francês. Sob o pseudônimo de Allan Kardec, notabilizou-se como o codificador  do espiritismo (neologismo por ele criado), também denominado de Doutrina Espírita.
O pseudônimo "Allan Kardec", segundo biografias, foi adotado pelo Prof. Rivail a fim de diferenciar a Codificação Espírita dos seus trabalhos pedagógicos anteriores. Segundo algumas fontes, o pseudônimo foi escolhido pois um espírito revelou-lhe que haviam vivido juntos entre os druídas, na Gália, e que então o Codificador se chamava "Allan Kardec".

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